A reflexão deve ser uma parte tão natural do nosso ser como o respirar, comer, dormir (tirando o Zé faria, que se basta com duas horas de sono no avião para Londres). Dos milhares de temas óptimos para reflectir escolhi, hoje, um religioso (será?): o "céu" e o "inferno". E a reflexão será sobre o que representam realmente estas palavras.
Recorrendo ao compêndio que me foi dado pelo meu amigo Nuno Bastos, dizem os autores religiosos que por "céu" entende-se o estado de felicidade suprema e divina. E não é este o céu que imaginamos? Um lugar onde os que morrem na graça de Deus e não precisam de ulterior purificação são reunidos à volta de Jesus e de Maria, dos anjos e dos santos. Um lugar de amor e paz, a maior das recompensas. E em que consiste o inferno? Dizem os mesmos autores que consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha livre, morrem em pecado mortal. E mais uma vez nos surge uma imagem nítida: de um lugar horrível, de chão negro, rodeado de abismos e labaredas, onde só há sofrimento e dor, onde somos castigados pela eternidade.
Um religioso bonzinho dir-te-á: "meu filho, o pior dos tormentos que sofres no inferno é a eterna separação de Deus, sem o qual nunca encontrarás a felicidade". Um trolha que vai à Igreja dir-te-á: "xiça! inferno?!! essa mer** deve doer comó caral**". Realmente, perante toda a panóplia de instrumentos de tortura que o pessoal do inferno deve dispor, a minha última preocupação é a separação de Deus.

O que mais gosto na Bíblia (sem nunca a ter lido) é justamente a reflexão interior que deve desencadear em cada um de nós. Sempre que discordemos do que lá é dito devemos procurar aquilo que achamos ser correcto.
Será que existe uma escada para chegar ao céu? E aqui a coisa fica mais gira! "Ouçam" esta parábola budista: Um dia, um samurai perguntou ao mestre "O inferno existe? E o paraíso? Se existe, onde ficam as suas portas? E como podemos lá entrar?" Este samurai era um homem simples, não se confundia com filosofias e só queria saber como entrar no céu e evitar o Inferno. Para responder, o mestre utilizou uma linguagem que o samurai compreendia. "Quem és?", perguntou-lhe. "Sou um samurai", respondeu o homem, "sou o primeiro dos samurais", prosseguiu com orgulho. "Até o Imperador me respeita." "Tu, um samurai?", troçou o mestre. "Tens mais ar de um miserável intrujão." Atingido no seu amor-próprio, o samurai esqueceu o motivo da sua visita e empunhou a espada. "Eis uma porta", disse o mestre sorrindo. "A espada, a fúria, a vaidade, o egocentrismo são as portas do Inferno." O samurai compreendeu a lição e embainhou de novo a espada. "E eis a outra porta, a do paraíso...", comentou o mestre.
A ideia da escada parece-me uma boa ideia. Cada acção terrena projecta-se na escada, ora subindo um degrau, ora recuando. Mas o que nos espera no fim da escada se a treparmos até ao fim? O céu cristão? Aqui, fica ao critério de cada um de nós. Para mim, não há céu nem inferno, tal como são descritos nas escrituras religiosas. O que há somo nós, as nossas escolhas, as nossas acções. E existem portas, muitas portas, que se irão abrir e fechar consoante essas acções. No fim? Veremos...
Mas porque este blog ficou de ser "engraçado" e muita gente se vai queixar da lamechice deste post, fica aqui (com o contributo de Teixeira de Faria) o grande rap (e não, não é o dos Gato Fedorento, é muiiito melhor!!) "Baza correr com o Paulo Bento":
http://www.myspace.com/valete115